O ícone do ciclismo francês Bernard Hinault está ansioso pelo Campeonato Mundial de Ciclismo de 2027, que acontecerá novamente em Sallanches, no mesmo percurso desafiador onde conquistou seu único título mundial em 1980. Naquele ano, Hinault dominou uma prova exigente de 260 quilômetros composta por 20 voltas, cada uma com a temida subida de Domancy, de 2,5 km.
Atualmente atuando como embaixador do evento, o pentacampeão do Tour de France retornou ao trajeto — agora rebatizado como “Rota Bernard Hinault” — utilizando uma bicicleta elétrica. Durante o passeio, ele refletiu sobre a dureza do circuito e sobre como ele pode representar um grande desafio para estrelas atuais como Tadej Pogacar e Mathieu van der Poel.
Apesar de brincar dizendo que não tem desejo algum de subir Domancy novamente, Hinault se orgulha da forma como é homenageado em Sallanches, onde uma grande escultura com sua imagem foi erguida na entrada da cidade. Desde sua vitória, apenas dois franceses — Laurent Brochard e Julian Alaphilippe — venceram o Mundial, mas Hinault acredita que o formato de corrida em um único dia pode favorecer um ciclista francês oportunista.
Segundo ele, um corredor inteligente, paciente e com boa resistência pode aproveitar o momento certo, mas fez questão de alertar que esse tipo de percurso não permite surpresas: “Uma coisa é certa, um ciclista comum não vencerá aqui.”
Hinault ressaltou que a repetição do circuito representa um desafio particular, exigindo foco constante e estratégias bem calculadas para se manter na frente. Relembrando seu duelo com o italiano Gianbattista Baronchelli em 1980, contou que atacou na subida final quando percebeu que o adversário estava esgotado. “Foi uma briga acirrada entre nós”, disse ele, mas sua arrancada decisiva fez a diferença. O francês advertiu ainda que o terreno revela rapidamente qualquer fraqueza — muitos ciclistas, segundo ele, já estavam minutos atrás após poucas voltas, questionando se deveriam continuar na prova.
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