A boxeadora argelina e campeã olímpica Iman Khalif está sendo alvo de um intenso debate sobre sua identidade de gênero, gerando uma onda de controvérsia após seu sucesso nos Jogos Olímpicos de Paris. A revista francesa *Le Correspondant* publicou documentos sugerindo que Khalif, apesar de seus feitos no boxe feminino, pode possuir biologicamente uma composição cromossômica XY e não possui útero nem ovários. Esta revelação provocou pedidos de alguns para que a medalha de ouro que ela ganhou em Paris seja retirada. Esses relatos, assinados pelo jornalista Jafar Ait Odeh, alimentaram debates nas redes sociais e entre figuras esportivas, questionando a elegibilidade de Khalif na categoria feminina.
Os documentos citados pelo *Le Correspondant* teriam origem em dois hospitais – o Kremlin-Bicêtre, na França, e Mohammed Lamin Debjin, na Argélia – e sugerem que Khalif, de 25 anos, possa ter uma condição que leva ao desenvolvimento sexual atípico e possivelmente apresenta cromossomos XY. Essa condição, chamada deficiência de 5-alfa-redutase, geralmente faz com que as pessoas sejam criadas como mulheres devido a características físicas ambíguas ao nascer, mas revela características cromossômicas masculinas. Embora *Le Correspondant* e alguns meios de comunicação britânicos, como o *The Daily Mail*, tenham destacado essas alegações, também observaram que a autenticidade dos registros médicos ainda não foi verificada.
A notícia reacendeu discussões públicas e na mídia, com figuras como o jornalista Piers Morgan e a lenda do tênis Martina Navratilova expressando suas opiniões sobre a participação de Khalif nas Olimpíadas. Morgan criticou a decisão de deixá-la competir, pedindo que sua medalha seja entregue a uma atleta que ele descreveu como "biologicamente feminina". Navratilova, uma defensora de longa data da competição justa no esporte feminino, expressou sua frustração, enfatizando que as atletas femininas foram prejudicadas pela inclusão de competidoras como Khalif. A apresentadora Laura Woods acrescentou que, embora apoie a inclusão no esporte, isso não deve ocorrer à custa da segurança e justiça para as atletas femininas.
A notável trajetória atlética de Khalif teve uma reviravolta em Paris quando ela conseguiu uma vitória inesperada sobre a campeã mundial chinesa Yang Liu na categoria de 66 kg. No entanto, seu rápido sucesso no ringue também trouxe sua identidade de gênero à tona. Em uma rodada inicial, ela derrotou uma oponente italiana em apenas 46 segundos, uma partida que deixou a adversária visivelmente abalada, recusando-se a apertar a mão de Khalif. O frenesi midiático que se seguiu viu muitos se perguntando sobre os antecedentes e a biologia de Khalif, embora ela já tenha passado por testes da Associação Internacional de Boxe (IBA). No entanto, a IBA não divulgou publicamente os resultados, o que aumentou a curiosidade e especulação do público.
Em resposta a essas alegações, Khalif tem afirmado consistentemente que é biologicamente uma mulher, dirigindo-se à mídia e reafirmando sua identidade como mulher. Após sua vitória, ela expressou sua frustração com os críticos, afirmando que são apenas detratores de seu sucesso. Seu advogado, Nabil Boudi, anunciou que estão tomando medidas legais contra aqueles que supostamente a difamaram. Embora algumas figuras públicas, como Donald Trump, Elon Musk e J.K. Rowling, tenham feito declarações sobre gênero no esporte, nenhum deles é mencionado especificamente no processo, que se concentra em declarações difamatórias feitas nas redes sociais.
O caso de Khalif destaca a complexa e sensível interseção entre identidade de gênero, distinções biológicas e competição justa no esporte. Enquanto o debate continua, ele evidencia os desafios enfrentados por organizações esportivas internacionais e atletas ao abordar questões de inclusão, justiça e elegibilidade.
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