As empresas de apostas tornaram-se altamente visíveis no futebol, com logos agora proeminentes em faixas ao redor dos estádios das ligas europeias e nos uniformes das equipes. Na Premier League inglesa, 11 das 20 equipes estão atualmente patrocinadas por empresas de apostas, gerando um total coletivo de 125 milhões de libras nesta temporada. Este aumento coincide com uma nova regulamentação que proíbe empresas de apostas de aparecer na parte da frente das camisas das equipes, a partir da temporada 2026/27, embora os patrocínios nas mangas continuem permitidos. Clubes menores da Premier League se beneficiam especialmente desses acordos, com equipes recém-promovidas esperando ganhar entre 5 e 6 milhões de libras com patrocinadores de apostas, em comparação com cerca de 2,5 a 3 milhões de libras com patrocinadores que não são de apostas.
É interessante notar que grandes clubes ingleses, como Arsenal, Manchester United e Liverpool, evitaram patrocinadores de apostas em suas camisas por mais de uma década, embora clubes menores continuem a depender desses contratos lucrativos. A Inglaterra segue outras ligas na restrição dos patrocínios de apostas; por exemplo, a Itália introduziu restrições semelhantes em 2019, e a Espanha impôs uma proibição na temporada 2021/22. As razões para essas proibições estão ligadas à natureza viciante dos jogos de azar, especialmente preocupantes, dado o amplo apelo e influência do futebol como esporte. As empresas de apostas naturalmente se direcionam ao futebol, que gera cerca de metade dos 2,3 bilhões de libras em receita do mercado de apostas do Reino Unido anualmente.
Apesar da proibição de patrocínios nas camisas, as promoções de apostas ainda são onipresentes nos meios de comunicação futebolísticos, com uma média de 2,75 menções a jogos de azar por minuto durante os jogos. Um estudo da Universidade de Stirling, realizado em 2020, destacou como essa exposição frequente ocorre durante as transmissões de competições importantes, como a Premier League, a Scottish League e a Champions League, ressaltando a influência persistente das marcas de apostas sobre o público do futebol.
A visibilidade das empresas de apostas vai além do campo; os fãs usam camisas adornadas com esses patrocinadores regularmente, ampliando o alcance dessas empresas. O patrocínio de camisas não é novidade, tendo começado com o ousado movimento do Kettering Town, um clube inglês que, em 1976, exibiu o logo de uma loja de pneus local, tornando-se a primeira equipe de futebol a fazer publicidade em uma camisa de jogo. Embora a Football Association tenha resistido inicialmente, os patrocínios de camisas acabaram se tornando a norma e, na década de 1980, todas as equipes da liga inglesa exibiam patrocinadores em seus uniformes.
Ao longo dos anos, os patrocínios tornaram-se parte da identidade dos clubes, com parcerias icônicas como a associação do Manchester United com a SHARP ou o vínculo duradouro do Inter de Milão com a Pirelli. Os patrocínios de apostas continuam a ser significativos, como o contrato de 20 milhões de euros por temporada que o Real Madrid assinou com a BWIN de 2007 a 2013, seguido de um patrocínio ainda maior com a Emirates. Os patrocínios nas mangas, como o recente acordo de 70 milhões de euros da HP com o Real Madrid, ilustram ainda mais o alto valor que as empresas atribuem à exposição por meio dos uniformes de futebol.
Enquanto as empresas de apostas são proeminentes, alguns clubes optaram por patrocinadores socialmente responsáveis. Um exemplo notável é a parceria do Barcelona com a UNICEF, de 2006 a 2011, na qual o Barcelona pagou 1,5 milhão de euros anualmente para exibir o logo da UNICEF em suas camisas, invertendo a dinâmica tradicional entre patrocinador e clube. Essa colaboração enfatizou o impacto social, criando um contraste moral com outros parcerias comerciais no âmbito dos patrocínios do futebol.
A associação de longo prazo do futebol com patrocinadores—sejam relacionados a apostas ou não—demonstra o poder da indústria de influenciar e ampliar a visibilidade dos patrocinadores muito além do jogo em si, impactando tanto a cultura dos jogadores quanto dos fãs por anos.
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