O novo trio ofensivo do Real Madrid, junto com Jude Bellingham, permaneceu em campo até o minuto 88 na sua última partida. Apesar da coesão inicial, a colaboração entre eles deteriorou-se à medida que o jogo avançava. No entanto, o técnico Carlo Ancelotti decidiu não fazer substituições precoces, priorizando a harmonia do grupo em vez de garantir os pontos. Sua decisão parecia visava manter o equilíbrio e evitar conflitos no vestiário, mesmo correndo o risco de perder a partida.
Ancelotti é conhecido não apenas por sua astúcia tática, mas também por sua gestão psicológica excepcional dos jogadores. Nesta temporada, seu desafio é particularmente significativo. Na temporada passada, a harmonia do time estava quase perfeita, e Bellingham se integrou bem tanto social quanto tecnicamente. No entanto, a personalidade forte de Kylian Mbappé representa uma ameaça potencial para esse equilíbrio, exigindo uma gestão cuidadosa para evitar tensões precoces.
A responsabilidade de manter a harmonia não recai apenas sobre Ancelotti; os próprios astros devem desempenhar seu papel. Mbappé se juntou ao Real Madrid sem uma intenção explícita de dominar, e seus colegas, especialmente os brasileiros, fizeram um esforço considerável para recebê-lo. Essa camaradagem foi evidente durante a Supercopa da Europa contra o Atalanta, onde Vinicius celebrou o gol de Mbappé em um gesto de solidariedade. Apesar de seus esforços, a coerência tática do trio enfraqueceu, especialmente no segundo tempo, criando problemas que precisam ser abordados.
Um desafio tático chave é que os três atacantes preferem jogar na ala esquerda. Para Vinicius, essa posição é natural, e ele tem se destacado nela no Real Madrid. Rodrygo, embora acostumado a jogar na direita, também prefere a esquerda e tem mostrado algumas de suas melhores atuações quando tem a liberdade de atuar ali. Mbappé, embora esperado para jogar centralizado, também prefere a ala esquerda. Essa preferência sobreposta levou a um congestionamento no lado esquerdo do campo, diminuindo a eficácia do trio como unidade.
Embora uma configuração flexível que permita aos três jogadores revezarem na ala esquerda possa ser vantajosa, deve ser gerida com cuidado para evitar previsibilidade. O gol da equipe contra o Atalanta mostrou o potencial dessa abordagem quando os dois brasileiros combinaram com maestria à esquerda. No entanto, no último jogo, essa tática se tornou excessiva, com os três atacantes frequentemente ocupando o mesmo espaço, levando a um congestionamento e previsibilidade. A ala direita, por sua vez, foi largamente negligenciada, agravando ainda mais os problemas táticos.
Ancelotti reconheceu esses problemas, mas hesitou em fazer as mudanças necessárias. Apesar de ter jogadores como Arda Güler, Brahim Díaz e Endrick disponíveis, que poderiam ter alterado o rumo da partida, ele adiou as substituições até quase ser tarde demais. Quando Luka Modric foi finalmente introduzido, foi para substituir Aurelien Tchouameni, o que enfraqueceu inadvertidamente o meio-campo do Real. A ineficácia defensiva de Federico Valverde também foi exposta, quase custando um gol ao time nos minutos finais.
Ancelotti reconheceu que os adversários estavam mais próximos da vitória e até criticou seus jogadores após o jogo. No entanto, ele defendeu sua decisão de manter os atacantes titulares em campo até o final. Essa decisão foi menos sobre vencer o jogo específico e mais sobre gerenciar egos e evitar conflitos potenciais. A grande questão agora é se essa estratégia se mostrará eficaz a longo prazo ou se criará um sentimento de imunidade entre os jogadores estrelas, enquanto outros que merecem oportunidades ficam à margem. A abordagem psicológica de Ancelotti é louvável, mas o próximo jogo contra o Valladolid será um teste crucial para ver se suas decisões podem manter a coesão do time sem comprometer o desempenho.
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